
Se existem cerca de 600 mil desempregados em Portugal, podemos falar em crise económica.
Se o BPN tem um buraco de 5 mil milhões de euros, podemos falar em crise financeira.
Se há cerca de 2 milhões de pobres no país, podemos falar em crise social.
Se alguém paga 12 milhões de euros para "ter" um filho, podemos falar em crise de valores.
Se é aprovada uma lei que representa opções normativas “indubitavelmente questionáveis", podemos falar de uma crise de políticos (mesmo que estes achem que não são políticos).
Se um jovem tira um licenciatura e depois vai para o desemprego, podemos falar de uma crise de justiça (o chefe do Governo concluiu a sua num Domingo).
(...)
Significa portanto, que há muito quem, neste pequeno país da Europa, escape à tão famigerada crise.
Pior: há quem, neste momento, esteja bem melhor do que há uns anos atrás.
Não haja dúvidas: a crise não é para todos. Porque se fosse, deixaria de o ser. Transformar-se-ía em desafio, união e solidariedade.
No dia em que se apanham as canas pela eleição do melhor treinador do mundo, no programa "Boa Tarde" (Sic; 16h; Conceição Lino) abordou-se a temática da transplantação hepática (Eduardo Barroso e João Santos Coelho). Se um país concentra tudo o que tem (e o que não tem) no futebol, o resultado não poderá ser outro senão o da crise. Para mim, vale mais um transplante hepático bem sucedido do que uma Liga dos Campeões.
TGV, Aeroporto, Mundial 2018, Cheque Bebé, Magalhães, Choque Tecnológico... Deviam ter mais vergonha na cara!